Na quarta-feira desta semana (29/10) fiz um programa muito agradável. Fui ao Cine Arte com a minha avó paterna, que é sempre ótima companhia. Para quem não é de Santos ou é e não conhece, o Cine Arte é um cinema mantido pela Prefeitura que cobra apenas R$ 3,00 o ingresso, sendo R$ 1,50 a meia entrada para estudantes e idosos.
O filme que assistimos foi "Onde Andará Dulce Veiga?", que conta com famosos atores globais como Maitê Proença, Carolina Dieckman, Christiane Torloni, Nuno Leal Maia, etc. Resumindo, o longa é bom e merece ser visto. O começo é mais fraco, mais difícil de ser compreendido, soando "inteléctualoide" demais, porém depois o filme desenrola legal e continua sim um drama, mas com bastante suspense.
Destaco a atuação dos atores, pois é uma representação bem diferente da que costumamos ver nas novelas globais. Personagens loucos, atordoados, contraditórios, ou seja, reais e bem diferentes dos folhetins noturnos, onde tudo parece belo, limpo e sensato.
A atriz que mais me surpreendeu foi Carolina Dieckman, que interpreta a líder da banda "Márcia Felácio e as Vaginas Dentadas". Quem está acostumado com seus papéis de boa moça irá tomar um susto com uma personagem drogada e roqueira, no sentido mais esteriotipádo que você possa imaginar.
Mas não é o filme em si que me motivou a gastar algum tempo escrevendo sobre cinema por aqui, e sim a nudez e o vocabulário apelatório presente em grande parte dos filmes brasileiros, inclusive em "Onde Andará Dulce Veiga", onde sobram peitinhos, pintinhos e palavrões desnecessários a toda dúzia de minutos.
A minha idéia de escrever sobre o assunto partiu do "Manifesto Contra a Nudez", lançado pelo ator Pedro Cardoso (o Augustinho da 'Grande Família') no início do mês. Não me acho moralista, muito menos conservador e defensor dos tais "bons costumes", mas a quantidade de cenas totalmente desnecessárias que envolvam sexualidade e palavras de baixo calão é enorme dentro da obra cinematográfica brasileira.
Há filmes no qual ao invés do público comentar sobre a trama, sobram comentários como "fulana fica peladinha no filme", "tem uma cena de sexo explicíto com fulana e ciclano no final", ou seja, o foco principal foge do tema do filme e vai para as cenas "pornôs".
Deve ser herança da famosa pornochanchada, comum na década de 70. O ator Pedro Cardoso afirmou que a quantidade de cenas são herdadas "de uma certa liberdade de costumes, obtida por parte da população nos anos 60 e 70, e fazem hoje um uso pervertido dessa liberdade”.
Algumas minisséries e novelas também são famosas por isso, mas há algumas que mostram a nudez, mas de uma forma totalmente envolvida com a trama, como "Presença de Anita", apesar de muita gente ter assistido apenas pelo erotismo do seriado.
O cinema brasileiro é bom, ele não precisa ser conhecido apenas pela sua excessiva nudez. Há ótimos filmes como "Carandiru" e "Cidade de Deus", que utilizam muitos palavrões, mas aparecem porque eles realmente tinham que estar ali, já que estes filmes falam de guerra civil, miséria, pobreza, favela, etc. Sou a favor dos palavrões na hora certa, da nudez na hora certa e nisso o cinema brasileiro realmente precisa melhorar muito para chegar no nível dos gringos.
Links relacionados:
Cine Arte (
http://www.cinearteposto4.com.br/)
Link:
GG Allin - Freaks, Faggots, Drunks & Junkies
http://www.badongo.com/file/4839825Para provar que esse texto nada tem a ver com moralismo, temos aqui um álbum do roqueiro mais fora da lei de todos os tempos. GG Allin.
Freaks, Faggots, Drunks & Junkies, lançado em 1988, é o quarto disco do doidão e têm vários clássicos da música podre, como 'Commit Suicide', 'Outlaw Scumfuck' e 'Dog Shit'.
Para você entender quem foi esse cara para o rock n´roll, não deixe de visitar a página no Wikipédia do cantor (
http://pt.wikipedia.org/wiki/G.G._Allin),